Com desempenhos cada vez piores nas pesquisas e com derrotas em todos os cenários para Lula, aumentam as chances de políticos do chamado “centrão”, dos evangélicos, empresários e banqueiros retirarem apoio à reeleição de Bolsonaro, em 2022. Ato contínuo, podem voltar baterias em busca de alternativas à direita como as candidaturas de Sérgio Moro ou de João Dória Jr.  

Essa possibilidade de divisão da direita no horizonte, certamente, despertará e animará o presidente do PDT, Carlos Luppi, em apontar que o derretimento de Bolsonaro pode favorecer o presidenciável do seu partido, Ciro Gomes.

A última pesquisa IPEC, divulgada dia 25 de junho, Lula teria 49% dos votos e venceria já no 1º turno, seguido por Bolsonaro, com 23% e Ciro, com 7%. São números catastróficos para o bolsonarismo. Maravilhosos para os petistas. Mas, também muito ruins para os pedetistas.

Nesse cenário, algumas possibilidades são favoráveis à estratégia de Ciro. Com a péssima gestão da pandemia, crise econômica e o avanço da CPI sobre casos gritantes de corrupção, Ciro vê chances de atrair partidos de direita como o DEM, Solidariedade, Cidadania e PSD, além de já contar com o apoio quase garantido da Rede. Se essas alianças se confirmarem, poderia contar com um vice de boa relevância política, como Marina Silva ou Luiz Henrique Mandetta, e chegar a possíveis 12% de intenção de voto e encostar em Bolsonaro. Para passa-lo, Ciro espera os debates eleitorais, quando poderia apontar as deficiências do presidente que, cá entre nós, são muitas. Desse modo, torna-se plausível a ida de Ciro ao 2º turno, caso Lula já não vença a eleição antes. Possibilidade respaldada pela maioria das pesquisas.

Se Ciro Gomes ultrapassar Bolsonaro, não seria necessário muito esforço para garantir um 2º turno. Dificilmente, uma eleição com três candidatos expressivos é decidida em 1º turno. Com o enfraquecimento de Bolsonaro e o discurso do “voto útil” contra ele, uma parte dos eleitores que hoje votariam em Lula, poderiam aguardar para decidir seu voto em um 2º turno sem Bolsonaro.

As vantagens desse cenário são incontáveis. Mas, podemos nos debruçar sobre uma em particular, caso a eleição fique entre Lula e Ciro: poderíamos resgatar a tranquilidade de viver em um País com alguma normalidade democrática.

Bolsonaro caminha firme para a derrota eleitoral e já deixa discurso pronto para alegar fraude. Por outro lado, conta com o apoio de parte do Exército e maioria das Polícias para tentar o golpe! Deste modo, ser ultrapassado por Ciro Gomes seria maravilhoso para a democracia, já que terceiro colocado não dá golpe.

Se a politica fosse apenas o uso da razão para solucionar problemas da sociedade, nós não precisaríamos pensar em uma disputa entre Lula e Ciro como forma de esmagar o bolsonarismo. A lógica nos levaria a uma composição de chapa natural, em que o candidato com maior intenção de votos no campo da esquerda (Lula) seria o cabeça da Chapa e o segundo com maior intenção de votos (Ciro) seria vice. Se fizermos a soma dos votos desses dois candidatos, a vitória no primeiro turno se daria com muita tranquilidade.

Infelizmente, sabemos que politica também envolve interesses e vaidades. Hoje, nenhum dos dois trabalharia em conjunto, mas, talvez, dessa “desunião” tenhamos uma surpresa boa e possamos despachar Bolsonaro, ainda no 1º turno, seja com uma vitória esmagadora de Lula sobre um Bolsonaro enfraquecido, seja com um duelo entre progressistas no 2º turno, colocando o bolsonarismo, definitivamente, de escanteio.


 

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