Pesquisa DataFolha, publicada em julho, revelou que 70% dos pais e mães que têm filhos entre o 6º e o 9º ano da rede pública acreditam que seria melhor seus filhos repetirem a mesma série em 2021 do que voltarem às aulas agora. Já estudos da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) diz que cerca de 9,3 milhões de pessoas também ficariam sujeitas à contaminação pelo novo coronavíus porque fazem parte de grupos de risco (adultos com comorbidades e idosos), que convivem com as crianças, jovens e profissionais da educação.
Ainda que as escolas, colégios e universidades adotassem medidas de segurança e que elas fossem cumpridas à risca, o que é muito difícil, o contágio seria iminente, devido às aglomerações locais e os transportes públicos.
Basta uma continha para prever o caos que seria a volta às aulas. De acordo com Diego Xavier, epidemiologista ligado à Fiocruz, se apenas 10% dos 9,3 milhões de adultos e idosos que vivem com crianças em idade escolar, precisarem de cuidados intensivos, serão mais de 900 mil pessoas na fila das UTIs.
O epidemiologista diz que a volta às aulas é um passo da reabertura econômica e que, teoricamente, colocaria fim ao isolamento social. A volta às aulas só deveria acontecer depois que todos fizessem testes para Covid-19, e depois que fosse feito um rastreamento de contatos para isolar e tratar quem estiver infectado. “Não bastam protocolos dentro da escola, porque tem o caminho que a pessoa faz para chegar lá e isso não está previsto”, diz Diego Xavier. A Fiocruz alerta também para a desmobilização de unidades de saúde, como hospitais de campanha, cruciais para o enfrentamento da pandemia. “O SUS não terá folga grande para atender novos casos. Se colocarmos mais gente em circulação e o vírus voltar com força, não teremos como entender esses pacientes”, ele Diego.