O fim do regime escravista no Brasil deixou a população negra, ex-escravizada, abandonada à própria sorte. A libertação da população africana escravizada ocorreu em 13 de maio de 1888.

No dia 13 de maio de 1888, chegou ao fim o regime do trabalho escravo no Brasil. Após quatro séculos de escravidão, tortura e maus-tratos, a população negra, que foi traficada do continente africano, finalmente estava liberta perante essa lei.

A aprovação da Lei Áurea, a lei que oficializou o fim do regime escravocrata no Brasil, foi assinada pela Princesa Isabel.

O processo abolicionista foi também resultado de uma luta política, que mobilizou alguns políticos da época que se empenharam em ajudar a Princesa a aprovar a Lei Abolicionista.

A abolição foi o resultado, principalmente, da luta da população negra, escravizada ou não, que se mobilizou ao longo da década de 1880 contra a continuidade do trabalho escravo.

O movimento da população negra se traduziu em fugas maciças, assassinatos de proprietários de terras, senhores de engenho e dos capatazes, esses atos ameaçaram a ordem social do final do Império, tornando inevitável, por um número cada vez maior de pessoas, o questionamento se esse regime escravocrata era legítimo ou não.

Por fim, a escravidão chegou ao fim. Então, a população negra, ex-escravizada, tornou-se “igual” perante a lei, mas isso não lhes deu nenhuma garantia de que, essas pessoas, seriam aceitas na sociedade branca e patriarcal da época, por isso essas pessoas, recém-libertas, passaram dias muito difíceis, mesmo com o fim do regime escravocrata no Brasil.

Diferente do que aconteceu nos Estados Unidos, aqui no Brasil, após o fim do período do período do regime escravista, da escravidão do povo negro, as pessoas, ex-escravizadas, foram abandonadas à própria sorte.

Nos Estados Unidos, com o fim da Guerra da Secessão, a vitória do Norte sobre o Sul implicou na emancipação total da população negra escrava e essas pessoas foram amparadas por uma lei, que possibilitou assistência e formas de inserção da população negra na sociedade.

No Brasil, sem acesso a terra e sem qualquer tipo de indenização por tanto tempo de trabalhos forçados, geralmente pessoas analfabetas, porque não podiam ter educação escolar, vítimas do racismo e de todo tipo de preconceito, muitas dessas pessoas, ex-escravizadas, permaneceram nas fazendas em que trabalhavam, vendendo seu trabalho em troca de alimentação e em busca da sobrevivência.

À essas pessoas, ex-escravas, que migraram para as cidades, só restaram os subempregos, a economia informal e o artesanato.

Com isso, aumentou de modo significativo o número de ambulantes, empregadas domésticas, quitandeiras sem qualquer tipo de assistência e garantia; muitas pessoas, ex-escravas, eram tratadas somente como prostitutas.

A população negra que não morava nas ruas, depois do fim da escravidão, passou a morar e, quando muito, moraram em míseros cortiços.

O racismo, o preconceito, a discriminação e o estigma era a ideia permanente de que a população negra, ex-escravizada, só servia para trabalhos serviçais, trabalhos duros, ou seja, serviços pesados, deixaram sequelas históricas, que duram desde a abolição do regime escravocrata no Brasil, ou seja, desde a abolição da escravatura, até os dias atuais.

Autoria
É formada em Serviço Social pela UNESP de Franca-SP; Pós-Graduada em Direitos Humanos e Sexualidade pela UERJ; Coordenadora Nacional da CONATT; Secretária Executiva Geral da ANTRA; Coordenadora Estadual do FONATRANS em São Paulo; Presidenta do Instituto APHRODITTE-SP; Integrante da Comissão LGBTI da ALESP; Coordenadora Adjunta do FPLGBTI e colaboradora do CCN Notícias.
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