De olho nas eleições municipais de novembro e as de 2022, Jair Bolsonaro (sem partido) e João Doria Jr.(PSDB) disputam os holofotes da opinião pública para ver quem anuncia primeiro à população uma vacina contra a Covid-19. Isso, depois de quase 100 mil mortos e mais de 2 milhões de infectados e com ameaças de volta às aulas, quando milhões de crianças e jovens estarão entregues em escolas superlotadas e completamente despreparadas para recebê-los.

Na última quinta-feira (6), ambos anunciaram iniciativas que soam como zombaria diante da tragédia estabelecida. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em audiência pública virtual da Câmara dos Deputados, disse que a vacina desenvolvida pelo Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, poderá ser produzida em outubro e disponibilizada à população.  Segundo Dimas Covas, a “Coronavac” está sendo testado em 9 mil voluntários em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro, sob coordenação do Butantan. Se bem sucedida, a vacina deverá receber o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e distribuída pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

No mesmo instante, Bolsonaro assinou uma Medida Provisória destinando quase R$ 2 bilhões para viabilizar a produção e a disseminação de outra vacina, a elaborada pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, esta pesquisa é liderada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Esta vacina também poderá chegar à população até o final do ano.

O Brasil receberá o conhecimento técnico-científico da produção de ambas as vacinas. Embora Bolsonaro tenha zombado e tentado descaracterizar a vacina produzida pela China e o Instituto Butantan, a AstraZeneca, farmacêutica do Reino Unido, também atua há muitos anos na China.