O candidato à presidência da República, Ciro Gomes (PDT) fez nesta segunda-feira, 26, um “manifesto à nação”. Havia muita expectativa em torno do conteúdo do que falaria. Ciro está em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais e não consegue sair da faixa dos 7% das intenções de votos. Enquanto isso, Simonte Tebet (MDB) chega aos 5% (tecnicamente empatada). À frente estão, pela ordem, Jair Bolsonaro (PL), com 34% ou 35% dependendo da pesquisa e na liderança vem Lula (PT) com 46% ou 47% também dependendo da pesquisa.

Nos últimos dias, começou uma intensa movimentação na mídia e nas redes sociais de apoiadores de Ciro Gomes para que ele renunciasse à sua candidatura em favor a de Lula já que, a seis dias das eleições, não conseguiu emplacar seu nome na chamada “terceira via” e encerrar o suplício que vive o país agora, no primeiro turno. Expoentes e históricos apoiadores de Ciro, como Tico Santa Cruz, Nelson Motta, Caetano Veloso, entre outros pediram o “voto útil”. A lista pode aumentar nessa semana.

A discussão é simples; já que seu nome estagnou-se em baixíssimos patamares, resta saber quem é o melhor nome para derrotar o fascismo, a corrupção, a misoginia, a intolerância, o ódio, a violência, a crueldade, a humilhação e tudo o que a política tem de mais negativo? Esse nome está consubstanciado na candidatura de Bolsonaro. E o antidoto é Lula. Tanto pelo que já fez ao país (2003-2010), pelo leque de forças políticas e econômicas que estão ao seu redor nestas eleições e pelas propostas que vem apresentando ao povo na campanha.

No entanto, a montanha pariu um rato.

O tal manifesto de Ciro podia muito bem não ter sido feito. Ciro, em tom eloquente, disse estar sendo vítima de uma campanha nacional e internacional virulenta para que retire sua candidatura, comparou Lula a Bolsonaro e disse estar certo da decisão de manter seu nome na disputa presidencial. Disse mais do mesmo.

No entanto, o “manifesto” que, na verdade, não passou de uma mal sucedida ação de marketing eleitoral, acabou por decretar o enterro de sua candidatura e, pior, o seu suicídio político, ao agir como linha auxiliar do bolsonarismo. Ciro insiste na tese de que o voto útil é uma tentativa de “eliminar a liberdade das pessoas de votarem no regime de turno, primeiro no candidato que mais orienta seus valores e depois, se for o caso, por aqueles que mais se aproximarem de suas ideias”. A premissa é verdadeira, mas isso se os nomes em disputa fossem competitivos entre si. O que não é o caso.

Pelo o que as candidaturas representam, a barbárie de um lado e a civilidade de outro, Ciro deixou claro que, num segundo turno, ficará neutro. Como se isso fosse possível.

Não espante, eleitor, se Simone Tebet ultrapassar Ciro Gomes nas próximas pesquisas.