Ao restringir, pela segunda vez, os atendimentos presenciais nas unidades de saúde municipais, conforme portaria publicada no Diário Oficial da Cidade no dia 6 de março, a gestão Bruno Covas (PSDB) posterga atendimentos, diagnósticos e tratamentos.
Com isso, pessoas com doenças crônicas podem ter seus quadros clínicos agravados. Por decisão do governador João Dória (PSDB), o Estado de São Paulo entra na fase roxa, nesta segunda-feira (15).
A piora da pandemia, com a explosão do número de pessoas com casos confirmados de COVID-19 e o crescimento dos índices de óbitos na cidade, não pode servir de justificativa para deixar de realizar atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
As UBS cumprem importante papel ao fazer atendimentos rotineiros e de acompanhamento de doenças, com consultas pré-agendadas para pacientes cadastrados em seu território no SUS (Sistema Único de Saúde).
A restrição do acesso aos serviços de atenção básica para evitar contágios de pacientes e profissionais de saúde é uma preocupação natural, mas ela empurra a resolução de outros casos para frente.
Pela portaria do Diário Oficial, publicada pela Secretaria Municipal de Saúde, os profissionais das UBS (Unidades Básicas de Saúde) e dos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) deverão estar disponíveis para os atendimentos de urgência da COVID-19.
Apesar de manter serviços de pré-natal para gestantes, portadores de diabetes, assistência oncológica e hipertensos, assim como casos de doenças infecciosas, cardiológicas e terapia renal, o represamento de consultas deve resultar num cenário problemático num futuro próximo.
De acordo com especialistas, sem a realização de exames rotineiros e sem a continuidade de procedimentos, doenças graves evoluem de maneira silenciosa.
Na restrição do ano passado, a cidade de São Paulo deixou de realizar 8 milhões de consultas. Essa decisão de dificultar os acessos aos serviços provocou consequências trágicas. E hoje já se notam reflexos.
No Hospital das Clínicas, segundo reportagem do jornal Valor publicada no dia 9 de março, as internações de pessoas com AVC, infarto, trombose, aneurisma e com câncer já estão em 130 pedidos por dia. É um número próximo aos pacientes da COVID-19, com média atual diária de 150 pessoas.
* Juliana Cardoso é vereadora (PT), vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo.