No dia 27 de agosto, nosso mandato popular realizou na Assembleia Legislativa audiência pública em defesa do patrimônio histórico e cultural de Piracicaba.

Participaram conosco o historiador e produtor cultural Pablo Carajol Delvage, Luiz Claudio Marcolino, a vereadora Silvia Morales, o artista e arquiteto Antônio Goper, a arquiteta Carolina Mello, a arquiteta e urbanista Fátima Scarpari, o professor Juan Sebastianes, o conselheiro do Condephaat Wilson Levi, a arquiteta Andrea Tourinho, a também arquiteta Bartira Mendes, o coordenador do Ministério da Cultura, Alessandro Azevedo, e o coordenador do Iphan/SP, Danilo Nunes.

O patrimônio histórico e cultural representa o legado de uma sociedade. Preservá-lo e, mais que isso, colocá-lo a serviço da população, sobretudo das novas gerações, significa manter o fio de continuidade essencial para a afirmação da identidade cultural de um povo, de um município, de uma região.

Nosso Município de Piracicaba é privilegiado por um riquíssimo patrimônio histórico e cultural, material e imaterial. Em torno do Rio Piracicaba, a cidade nasceu e se desenvolveu, resultando um conjunto de edificações importantíssimas para a sua identidade cultural, que infelizmente não vêm merecendo a devida atenção. Ao contrário, correm riscos frente à especulação imobiliária, respaldada pela prefeitura.

É o caso da fábrica de tecidos Boyes, fundada em 1874, em frente ao Rio Piracicaba, cujos prédios remanescentes configuram um conjunto arquitetônico expressivo, hoje destinados à demolição para construção de um empreendimento imobiliário. Isso é um verdadeiro crime contra a cidade. Por isso, um movimento se formou peça preservação da Fábrica Boyes, e, mais que isso, para que aqueles espaços sejam requalificados para que a população de Piracicaba possa dele usufruir.

Esse é o objetivo do Projeto Beira Rio, revitalizar as margens do Rio Piracicaba, visando recuperar áreas degradadas, promover turismo e lazer e valorizar o patrimônio natural e histórico da cidade, por meio da criação de espaços públicos, como parques, áreas de convivência e ciclovias, além de ações de conservação ambiental e controle de enchentes.

É importante recordar que recentemente o Rio Piracicaba foi atingido por uma forte agressão por parte de uma usina, que nele descartou rejeitos altamente tóxicos, causando a morte de pelo menos 70 toneladas de peixes. A preservação da história, da memória, do patrimônio e da cultura também está articulada com a preservação do meio ambiente, sobretudo, no caso de Piracicaba, com a preservação do rio, no qual centenas de pescadores buscam o seu sustento e em torno do qual tantas edificações importantes estão situadas.

Durante as gestões do nosso companheiro José Machado à frente da Prefeitura de Piracicaba, muito se fez em termos de preservação, requalificação e uso de espaços arquitetônicos em torno do rio, assegurando o acesso da população por meio da ponte pênsil, por exemplo, e propiciando novos usos para o Engenho Central. É necessário e possível avançar ainda mais.

O patrimônio histórico não é algo congelado no tempo. Pode e deve ser usufruído com novos usos que não colidam com sua integridade e memória. Esse foi o sentido do debate que travamos na audiência. As propostas discutidas, como o projeto Beira Rio, visam propiciar à população de Piracicaba que possa frequentar as margens do rio sem agredi-lo, transformando a área em um ponto de encontro e valorizando a identidade cultural e ambiental de Piracicaba.

Devemos, portanto, preservar e valorizar o nosso patrimônio, sem torná-lo algo inacessível, mas com uso responsável, respeito e cidadania.

Esse projeto tem todo o meu apoio.

Autoria
Professora Bebel é deputada estadual pelo PT, segunda presidenta licenciada da APEOESP e colunista do CCN Notícias
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