Neste artigo, lamentavelmente, volto a abordar o clima de violência e apreensão que ameaça marcar as eleições gerais deste ano.
O covarde assassinato do nosso companheiro Marcelo Arruda, dirigente do Partido dos Trabalhadores em Foz do Iguaçu (PR), foi o ápice de um período em que diversos episódios violentos foram protagonizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Esses episódios são resultado direto da retórica e das atitudes brutais de Bolsonaro e seus aliados, que incitaram e continuam incitando ocorrências deste tipo de violência.
Marcelo Arruda, guarda municipal cuja trajetória política, de acordo com a família e amigos, foi marcada por uma postura elevada e conciliadora, teve uma atitude heroica em seus últimos momentos de vida. Ciente de que o assassino poderia atirar em mais pessoas, inclusive crianças que estavam em sua festa de aniversário de 50 anos, mesmo ferido de morte, Marcelo atirou no agressor, impossibilitando que ferisse mais gente.
A violência de bolsonaristas vai além desses fatos terríveis. Ela é uma violência política e institucional cotidiana e se configura como uma inaceitável violência contra a própria democracia, que eles buscam concretizar por meio de um golpe, colocando desde já em dúvida dos resultados eleitorais, pois todas as pesquisas de intenção de voto se mostram desfavoráveis à permanência do atual governo.
É gravíssimo que parte da alta cúpula do Exército se envolva nesse tipo de especulação golpista e contribua para gerar um clima de insegurança institucional no nosso país. O golpe de 2016 mergulhou o país na atual crise e nos levou a uma situação na qual o Brasil voltou a figurar no Mapa da Fome da ONU. Voltamos a ter casos de crianças que nascem subnutridas em decorrência de deficiência alimentar da mãe, algo que há quase 20 anos não ocorria em nosso país.
Além de preparar o clima para um possível golpe contra a democracia – que somente a mais intensa e ampla mobilização social poderá prevenir e impedir – Bolsonaro, em seu desespero para não perder o poder, apela para todo tipo de manobra. A recente aprovação do Auxílio Brasil é não apenas uma manobra eleitoreira, mas embute novos perigos para a democracia. Sim, é verdade, o povo precisa de muito mais que os R$ 600,00 aprovados, e o PT votou favoravelmente. Porém, fica evidente o caráter eleitoreiro da medida quando se limita seu prazo de vigência a 31 de dezembro deste ano.
Essa e diversas outras medidas previstas na PEC aprovada (como auxílio a taxistas e caminhoneiros) poderiam ter sido tomadas há muitos meses, mas o governo Bolsonaro sempre as rejeitou. Mas o maior perigo da nova lei é a decretação do estado de emergência, que o PT contestará judicialmente, porque essa medida pode, eventualmente, facilitar a concretização de intenções golpistas.
Esse é o quadro preocupante que estamos vivendo. Contraditoriamente, estamos vivenciando também um crescente clima de esperança. Mais e mais pessoas do povo e personalidades importantes aderem ao movimento Juntos pelo Brasil e querem ajudar a pré-candidatura do nosso querido presidente Lula, para que as eleições presidenciais se resolvam já no primeiro turno, reduzindo as possibilidades de uma aventura golpista. Em São Paulo, pela primeira vez se apresenta um quadro que possibilita a eleição de um governo democrático-popular com o professor Fernando Haddad, agora reforçado com o apoio de Márcio França, pré-candidato ao Senado.
Com confiança e esperança, vamos construir juntos dias melhores para São Paulo e o Brasil.