Passados quatro anos do chamado golpe contra a Democracia no País, em 2016, já é possível ter uma análise bastante precisa sobre o que, de fato, aconteceu, e os porquês.

Está claro, por exemplo, que os partidos conservadores (de direita) e seus aliados irmanaram-se para derrubar as políticas populares que vinham sendo empregadas no país, desde 2003. Nem que para isso fosse necessário um golpe “com Supremo, com tudo”, como revelou o Senador Romero Jucá. A aposta era afastar Dilma Roussef e jogar todas as fichas na candidatura de Geraldo Alckmin, do PSDB, que revelou-se “furada”, tal o fraquíssimo desempenho do candidato e suas ideias. Mas, não bastava, era necessário afastar quaisquer outros perigos às suas pretensões. Abandonaram Alckmin e apostaram em Jair Bolsonaro.

De lá pra cá, todos conhecem o estrago que deu. O tempo passou e as investigações descobriram que a eleição de Bolsonaro pode ter sido uma grande fraude. As artimanhas, manipulações e artifícios utilizados pelos extremistas, inclusive com a participação dos norte-americanos, estão vindo aos poucos ao conhecimento do público pela CPI das Fakenews.

Arrependidos

A “direita”, arrependida de ter apoiado a “extrema-direita”, porque foi literalmente atropelada por Bolsonaro, publica agora artigos, pede desculpas nas redes sociais e promove encontros para tentar “restaurar” a Democracia no País, desde que não se toque nas políticas econômicas. O que é um equívoco medonho.

A Folha de S.Paulo foi a primeira a romper com Bolsonaro. Mas, reparem, o jornal não rompeu com as teses de Paulo Guedes. O inimigo continua sendo você, leitor, ao pensar que o Brasil poderia voltar a crescer, distribuir renda, educar o povo, ter saúde, cultura, com forte indução de recursos, a partir do Estado em sintonia com a iniciativa privada.

Para o jornal O Estado de S.Paulo é preciso encontrar uma alternativa ao centro. Bem ao gosto da maioria dos partidos que negociam cargos com Bolsonaro, para livrar-se do impeachment. O jornal O Globo vai na mesma linha; defende as teses da extinção de direitos trabalhistas e de aposentadoria, da granada no bolso do trabalhador, do congelamento dos investimentos na educação, na saúde, na pesquisa científica e na infraestrutura do País, embora aponte que Bolsonaro flerte com o golpe.

Juntos?

A mais nova investida dos legítimos representantes da oligarquia nacional é o chamado “Manifesto Juntos”, divulgado exaustivamente pela mídia.  O manifesto é redigido pela organização Pacto pela Democracia, financiada pelos bilionários João Paulo Lemman, dono da Ambev, e de Maria Alice Setúbal, dona do banco Itaú. Além deles, a ONG norte-americana, ligada à Donald Trump, National Environement for Democracy, que foi a responsável por aplicar golpes de Estado em várias partes do mundo.

Hoje, o tal Pacto pela Democracia, apoia e financia candidaturas coma a de Luciano Huck, apresentador de TV, à presidência da República.

Apesar do tal manifesto admitir ser “preciso reconhecer de forma inequívoca que a ameaça fundamental à ordem democrática e ao bem-estar do país reside hoje na própria Presidência da República”, não diz uma linha sequer sobre o afastamento, a renúncia ou o impeachment de Bolsonaro e a sua tropa.

Na verdade, não haveria mal algum empresários arrependidos defenderem a redemocratização do País, não fosse a intenção de não incluírem o povo em suas pretensões futuras. Não defendem, por exemplo, a taxação das grandes fortunas, a cobrança das dívidas milionárias que muitos empresários têm com o INSS, uma redistribuição justa da renda, não definem metas de geração de emprego com direitos, seguridade social, educação e saúde públicas e de qualidade, investimentos em infraestrutura, descongelamento dos recursos às políticas sociais, o reestabelecimento da ordem jurídica ao reconhecer que o país passou por um golpe de Estado e direitos políticos foram cassados e reputações jogadas na lama. Talvez, queiram se livrar de Bolsonaro, mas não da sua agenda econômica. Se querem mesmo resgatar a Democracia, devem, antes de tudo, reconhecer seus erros e torná-los públicos.