O cientista social, Anivaldo Padilha, receberá, no próximo dia 11 de dezembro, o Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva, concedido pela Prefeitura de São Paulo, desde 2016, a personalidades que se destacaram na tarefa de denunciar e combater as violações de direitos humanos praticadas na ditadura militar e em defesa da democracia. A honraria é entregue anualmente na Semana dos Direitos Humanos. O dia 10 de dezembro é o aniversário da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ocorrida em 1948, na ONU.
Felicitações
Integrantes das igrejas católicas e metodista cumprimentaram Anivaldo Padilha pelo Prêmio concedido. "Você merece muito esse prêmio", comemorou o frade dominicano e escritor Frei Betto. "Pela sua luta em defesa dos oprimidos e dos excluídos, pelo seu empenho no diálogo ecumênico e inter-religioso, pela sua posição sempre em defesa da democracia, da liberdade e da justiça, na linha evangélica, exigida por Jesus, de opção pelos pobres e construção de um mundo de partilha dos bens da terra e dos frutos do trabalho humano. Agradeço a Deus por ser teu companheiro, irmão e amigo".
"Sempre me emociono quando o ouço contar as histórias que ele viveu e também a alegria de ter retornado e continuado", destacou a jornalista Magali Cunha, colega de Anivaldo na igreja metodista e colaboradora do Conselho Mundial de Igrejas. "Ele sempre mostrou um compromisso muito grande a partir da sua fé. A fé cristã com a qual ele foi formado foi um elemento decisivo para as opções que ele fez, para os compromissos que ele assumiu em toda a sua vida. A ponto de colocar sua vida em risco, mas sempre em nome do compromisso de fé de afirmar o valor dos direitos humanos, da justiça e da paz".
História
Quando tinha 30 anos de idade, Anivaldo Padilha, líder da juventude metodista, do movimento ecumênico da juventude na América Latina e militante da Ação Popular, AP, organização de oposição à ditadura militar, foi dedurado por um pastor e um bispo da sua igreja e, por isso, passou por sessões de tortura, durante 22 dias, no Doi-Codi, em São Paulo. Levou socos, pontapés e choques elétricos na cadeira do dragão (uma espécie de trono revestido com chapas de metal, onde o preso era colocado nu, por vezes molhado, para potencializar os efeitos da corrente elétrica).
Fragilizado, ao sair da prisão foi para o exterior. Só veio conhecer seu primeiro filho, hoje o Deputado Federal Alexandre Padilha, quando tinha 8 anos de idade, em 1979.
"Na prisão eu conheci o lado pior do ser humano", contou. "É onde o ser humano está livre para praticar o mal. Não tem nenhum limite, nada que o impeça de praticar o mal. Ao mesmo tempo, lá eu conheci o lado mais sublime do ser humano: a solidariedade", disse Anivaldo à coluna de Camilo Vannuchi, no UOL.