Jair Bolsonaro completa neste sábado (16), 500 dias na presidência da República. Quando assumiu, em janeiro de 2019, 32% da população acreditava que faria um “ótimo ou bom” governo, e 30% considerava que seu governo seria “ruim ou péssimo”. Com o passar do tempo, esses índices alteraram negativamente para o presidente. Segundo levantamento da XP Investimentos/Ipespe, divulgado no final de abril, a expectativa para “ruim e péssimo” chegou a 49% da população, sendo que, insignificantes, 19% ainda acreditavam no governo do “mito”. Já a pesquisa da CNT/MDA divulgada na terça-feira (12), diz que 43,4% consideravam o governo “ruim ou péssimo” e 32%, “ótimo ou bom”. Em que pese às variações dos números, quem considerava o governo “regular” já está tomando posição negativa ao governo.
Motivos não faltam
Não é para menos. Bolsonaro não se dignou a realizar nenhuma obra dignificante, a inaugurar uma só edificação ou a conceder um simples gesto que fosse em benefício do País e do povo. Ao contrário, todo o seu governo, até aqui, tem se pautado por atender a interesses não republicanos, a agredir pessoas, instituições e até nações estrangeiras ou a tomar iniciativas que só agradaram ao setor financeiro, uma parte dos grandes empresários nacionais e internacionais e ao setor agrário (sobretudo aos madeireiros). Por outro lado, não se furtou a confundir o povo brasileiro com declarações duvidosas, conforme o levantamento do site www.aosfatos.org, que checa sistematicamente as falas do presidente passíveis de verificação.
Quem lê o levantamento, choca-se com a incrível marca de mil declarações falsas ou distorcidas conquistadas no último dia 7 de maio, quando Bolsonaro afirmou que a pandemia de Covid-19 já teria ceifado 10 milhões de empregos formais, o que não é atestado pelos dados disponíveis.
Aos Fatos checou 1.684 declarações, desde janeiro de 2019, sendo 1000 declarações falsas (60%).
Sobre a Covid-19
Sobre a crise do novo coronavírus, Bolsonaro diz, a cada dez declarações, entrevistas, discursos ou “lives” em suas redes sociais, sete informações incorretas, imprecisas, exageradas, insuficientes ou contraditórias. Quando as declarações de Bolsonaro são oficiais, por escrito, geralmente as informações são mais precisas. Mesmo assim, não pensou duas vezes ao dizer que a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientaria a masturbação infantil como política educacional. A alegação distorce um guia da seção europeia da entidade com orientações para educadores sobre abordagens de educação sexual em diferentes faixas etárias. Geralmente, quanto é pego com esse tipo grosseiro de erro, Bolsonaro apaga suas postagens.
A contabilidade e a checagem das declarações do presidente é feita diariamente pela equipe do Aos Fatos que mapeia canais oficiais, redes sociais e meios de comunicação. Aos Fatos foi criada a partir de uma ideia concebida originalmente pelo Fact Checker, seção de checagem do jornal norte-americano Washington Post.