Em cadeia de rádio e televisão, o presidente Jair Bolsonaro, prometeu que, até o final deste ano, todos os brasileiros estarão vacinados contra a Covid-19. O pronunciamento realizado nesta quarta-feira, 2 de junho, coincide com o cerco que a CPI da Covid-19, instalada no Senado, faz em relação a atuação do governo federal, desde fevereiro/março do ano passado, quando, tudo indica, não comprou propositadamente as vacinas para priorizar a tal “imunidade de rebanho” e a prescrição de remédios ineficazes contra a Covid-19.
Bolsonaro nunca quis imunizar o povo brasileiro. Nunca preocupou-se em socorrer os hospitais com oxigênio e outros insumos nas UTIs. Nunca fez campanha pelo isolamento social, pelo uso contínuo da máscara e do álcool em gel. Criticou e ameaçou governadores e prefeitos que fizessem o lockdown. Zombou de quem estava agonizando nos leitos hospitalares por falta de ar e não se responsabilizou pelos eventuais efeitos colaterais da vacina. “Se você virar jacaré é problema seu”, disse.
Em resposta, a população brasileira saiu às ruas. Lotaram avenidas e, durante seu pronunciamento, realizaram um enorme e barulhento ‘panelaço’.
Bolsonaro disse que sente muito pelas mortes (são mais de 460 mil). Será? Disse também que o governo comprou 100 milhões de doses de vacinas. Uma coisa é distribuir, outra coisa é vacinar 100 milhões de brasileiros. O ritmo de vacinação é lentíssimo e cada brasileiro necessita de, ao menos, duas doses para estar completamente imunizado. Somente 22 milhões de brasileiros tomaram as duas doses. Diferentemente do que disse Bolsonaro no pronunciamento, o Brasil não é o 4º país que mais vacina no mundo, mas o 64º no ranking. O número é manipulado e distorcido para conduzir o espectador ao erro. Porque, nesse caso a conta é em relação não ao número absoluto de vacinação, mas proporcionalmente ao número da população.
Outro ponto distorcido por Bolsonaro foi a destinação de R$ 320 bilhões para o “Auxílio Emergencial”. O presidente disse que isso equivaleria a 10 anos do Bolsa-Família. Sim. Mas, não é novidade pra ninguém que ele era contra o Auxílio e brigou para diminuir o valor desde o início. Foi a oposição quem batalhou para fixar o valor em R$ 600.
Bolsonaro também faltou com a verdade quando falou do aumento do emprego formal no país. Disse que neste ano, o país já criou mais de 900 mil novos empregos. Pura manipulação. Bolsonaro mudou a metodologia de contagem de empregos e fabricou o recorde anunciado. O governo incluiu na soma, o número de trabalhadores temporários – o que é um absurdo, porque nos discursos oficiais (como o do dia 2 de junho), esse item é omitido.
Por fim, comemorou o anúncio da realização da Copa América no Brasil. Outro absurdo. A crônica esportiva quase que unânime é contra, porque não não há condições alguma de praticar os protocolos para receber um evento internacional com 11 seleções nacionais, jornalistas e o turistas que certamente virão.
Senadores da CPI da Covid-19 publicaram uma nota lamentando o anúncio da assinatura de convênios que trarão mais vacinas ao país. Veio com muito atraso.