A 25ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+, que ocorre neste domingo, 6, em São Paulo, terá como tema o respeito às pessoas portadoras do HIV/Aids, com o lema “Ame+, Cuide+, Viva+”. O evento será virtual pelo segundo ano consecutivo por conta da pandemia da Covid-19.

A Secretaria Municipal de Saúde instalou no Elevado Presidente João Goulart, próximo ao metrô Marechal Deodoro, um veículo adaptado para realização de testagem rápida para identificação do HIV. O resultado sairá na hora e em local isolado, garantido o sigilo. Além de distribuir preservativos, tanto masculinos como femininos, e de sachês de gel lubrificante e autoteste para HIV.

Ok. Tudo bem. No entanto, pare e olhe para o Brasil que vivemos. Pare e reconheça a violência, a intolerância e o ódio que cada um e uma de nós estamos submetidos.

Ainda que seja de maneira virtual, é de fundamental importância que essas manifestações ocorram em todo o País. Sobretudo sob a bandeira do “respeito”, que nos remete à reflexão sobre o que o governo federal “não” está fazendo para manter acessíveis os medicamentos à comunidade portadora do HIV e denunciar, veementemente, a negligência que o ocorre na Saúde em relação, não só aos que portam o HIV, mas com todo o movimento LGBTQIA+. Faltam medicamentos às pessoas que querem completar o processo transexualizador de reconhecimento do seu próprio corpo, por exemplo.

Este ano, a Parada será realizada em conjunto com a Marcha Trans, o que reforça a construção dessa luta. É importante frisar que tanto as Paradas gerais, como as específicas, são de extrema importância para chamar a atenção das autoridades e da sociedade brasileira e do mundo em relação às políticas públicas (ou a falta de) que, infelizmente, não são aplicadas no Brasil. As pouquíssimas iniciativas surgem como penduricalhos, iniciativas pontuais e de ação curta, não levando em consideração o potencial e o tamanho do Brasil, que obriga os executivos e legislativos a pensarem em ações sociais, de saúde, de segurança física e jurídica para quem é da comunidade LGBTQIA+. Por exemplo, que as mulheres e homens trans tenham o direito de terem seus nomes sociais respeitados e novos documentos adequados ao que pensam sobre si e se auto reconhecem.

O Movimento LGBTQIA+ consegue manter-se na luta constante, exatamente porque nunca é atendido em suas reivindicações, com respeito, com recursos acessíveis, independentemente de sua classe social ou faixa etária. Direitos que são constantemente negados. Nega-se, até o direito de irem ao toalete, de acordo com a forma como se reconhecem. Nega-se o direito à educação, já que há registros diários de agressão a transexuais, travestis, gays, afeminados e lésbicas nos banheiros das escolas, nas saídas dos turnos, na hora dos intervalos. Violência física, verbal ou tentativas de estupros são constantes.

A luta, portanto, se renova a cada Parada ou manifestação. A cada ataque da sociedade conservadora, a luta se fortalece e continua na rua. Enquanto nós tivermos um País entre as primeiras colocações no ranking de agressões à comunidade LGBTQIA+, será necessário continuar lutando todos os dias.

O Conselho Nacional Popular LGBTQIA+ levanta, este ano, a bandeira da “Vida, Vacina e Trabalho”. O importante é manter a população informada sobre a necessidade de protestar para acabar com a violência, com os assassinatos e com o sofrimento de milhares de pessoas só porque são da comunidade LGBTQIA+.

A parada será transmitida online, a partir das 14 horas pelo canal da associação da parada, APOLGBT, no Youtube. Haverá shows, entrevistas, representantes de organizações internacionais e da sociedade civil.

O que significa a sigla LGBTQIA+

Para alguns, LGBTQIA+ pode ser apenas letras, mas o intuito é que um número cada vez maior de pessoas se sintam representadas pelo movimento e as suas pautas defendidas na sociedade. Cada letra representa um grupo de pessoas na sociedade que sofrem diferentes tipos de violência simplesmente pelo fato de não se adequarem àquilo que foi estabelecido como sendo o normal na sociedade.

L = Lésbicas 

São mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outras mulheres. 

G = Gays

São homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outros homens. 

B = Bissexuais 

Diz respeito aos homens e mulheres que sentem atração afetivo/sexual pelos gêneros masculino e feminino. 

T = Transexuais 

A transexualidade não se relaciona com a orientação sexual, mas se refere à identidade de gênero. Dessa forma, corresponde às pessoas que não se identificam com o gênero atribuído em seu nascimento. As travestis também são incluídas neste grupo. Porém, apesar de se identificarem com a identidade feminina, constituem um terceiro gênero. 

Q = Queer

Pessoas com o gênero 'Queer' são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso das drag queens. A teoria queer defende que a orientação sexual e identidade de gênero não são resultado da funcionalidade biológica, mas de uma construção social.

I = Intersexo 

A pessoa intersexo está entre o feminino e o masculino. As suas combinações biológicas e desenvolvimento corporal - cromossomos, genitais, hormônios, etc - não se enquadram na norma binária (masculino ou feminino). 

Assexual 

Assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero. Existem diferentes níveis de assexualidade e é comum que estas pessoas não veem as relações sexuais humanas como prioridade. 

+

O + é utilizado para incluir outros grupos e variações de sexualidade e gênero. Aqui são incluídos os pansexuais, por exemplo, que sentem atração por todos os gêneros – em todas as suas manifestações, sem restrição, nem preferência, quanto à orientação sexual do outro.