O CCN Notícias conversou virtualmente, nesta quarta, 17, com o Deputado Federal Alexandre Padilha (PT-SP). Em, aproximadamente, 50 minutos de transmissão, via facebook, o ex-ministro da Saúde do governo Lula e secretário de Governo do Prefeito Fernando Haddad respondeu a perguntas de Luis Felipe Krehan, do CCN Notícias; do diretor de escola e professor Rosilei Julio Duarte; de Ingrid Guzeloto, diretora LGBT da UNE; de Silvia Cardenuto, da ONG Brigada pela Vida e Democracia ZN; e de Leandro de Oliveira, do Podcast Dom Pedante. Anatalina Lourenço e Walmir Siqueira, do CCN Notícias, mediaram a conversa.

Alexandre Padilha falou sobre a Medida Provisória 1003, a chamada “MP da Vida”, aprovada na Câmara dos Deputados, que obriga o governo federal a disponibilizar todas as vacinas contra a Covid-19 aprovadas pela Anvisa e não mais rejeitar outras vacinas já certificadas por agências internacionais.

“Eu acredito que, se o governo federal comprar (e pode) as vacinas, o Brasil terá condições de vacinar, até agosto deste ano, 160 milhões de brasileiros aptos a recebê-las, porque não vamos aplicar em crianças, nem em gestantes nesse primeiro momento”, disse o deputado.

Padilha acrescentou que, mesmo antes de começar o inverno, o Brasil já teria condições de vacinar 80 milhões de pessoas que estão nos grupos prioritários, entre eles, os trabalhadores da educação, dos serviços públicos, dos transportes, da assistência social, trabalhadores da área da cultura, da saúde, os idosos, as pessoas com deficiência e, depois, mais um grupo de 80 milhões, que são os jovens e pessoas que não estão em outro grupo de trabalhadores. “Isso tudo, até agosto deste ano”, enfatizou. “Pra isso, o Bolsonaro terá que cumprir a Lei”.

O deputado observou que o Brasil não pode demorar para incorporar mais vacinas. “A Argentina está vacinando com três tipos de vacinas diferentes, desde dezembro, e o governo brasileiro ainda não autorizou algumas vacinas. “Nada que possa salvar vidas e salvar a economia do que um plano de vacinação amplo e robusto”, ressaltou.

Postura inadmissível

Padilha comentou também o fato do Prefeito Bruno Covas ter tirado licença da prefeitura para cuidar da saúde, mas ter ido a um jogo de futebol no Rio de Janeiro (final da Libertadores entre Palmeiras x Santos). “É inadmissível”, disse. O deputado citou também o caso do governador de São Paulo, João Dória, que assinou o decreto de fechamento do comércio e foi passear em Miami. O Deputado também disse ser inadmissível a postura do Prefeito em relação às escolas. Segundo Padilha, em 2020, as unidades ficaram praticamente fechadas o ano todo, mas transformaram-se “num ambiente de morte”, relata. “A APEOESP fez uma pesquisa e constatou que a situação continua sendo de escassez absurda. Nada foi feito. “Tinham que garantir a higienização, ter um lugar para lavar as mãos, garantir o distanciamento entre os alunos, para isso, teria que ter aumentado o número de salas e contratar mais professores. As salas de aula não têm ventilação”, relatou. É por isso que já está havendo aumento de casos de Covid nas escolas.

Mais vacinas já

Segundo o deputado Alexandre Padilha, o Brasil precisa incorporar, urgentemente, a Sputnik V (vacina russa), a Pfizer e a Janssen (da Johnson & Johnson) entre outras, se quiser imunizar rápido a população. “Mas, eu não acredito que o governo irá cumprir o calendário que ele mesmo anunciou”, avalia. Outro motivo para mais incorporação de vacinas, segundo o deputado, é o fato da vacina da Oxford/Fiocruz, a Astrazeneca, não ter uma grande eficácia contra a transmissão da variante da Covid-19 surgida na África do Sul, que é muito parecida com a variante brasileira, surgida no Amazonas. “Isso não significa que temos de parar de tomar a Astrazeneca. As pessoas que tomaram estão protegidas contra a Covid-19, mas a eficácia na transmissão da variante é menor”, explicou.

Enem

Para concluir a conversa, Alexandre Padilha falou sobre a realização das provas do Enem. “Eu defendia o adiamento das provas. Mas, do jeito que o governo federal fez, não tinha segurança nenhuma”, disse. Para Padilha, o governo apostou que as pessoas não fosse fazer a prova. “Uma coisa até cruel”, disse o deputado. “Isso junto com as festas de final de ano e as aglomerações provocadas por Bolsonaro podem ter contribuído para a explosão de casos de Covid-19, agora, em fevereiro”, avaliou.

Ao encerrar, Padilha lembrou que o Brasil, na época em que era ministro da Saúde, foi considerado campeão mundial de vacinação contra o H1N1 (2009-10), “hoje, o Brasil está na rabeira, não vacinou nem 5% da população. É um fato assustador”.