Como diz o ditado popular, “você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo”. A verdade sempre aparece. E incomoda. O fato é que o leitor já deve estar se perguntando; “afinal de contas, o que é que está acontecendo na política nacional brasileira?” Por que, aquilo que parecia uma certeza absoluta, de repente, derrete-se feito sorvete?

Em apenas cinco dias, entre os dias 12 a 17 de maio, duas bombas atômicas caíram sobre o colo do governo federal. Duas denúncias que podem destituir Jair Bolsonaro da Presidência da República e a crença de milhões de brasileiros que votaram nele esperando melhorar a economia, gerar empregos e renda, pode desfazer-se.

Ao contrário das expectativas, mesmo antes do Covid-19, nem empregos, nem renda, nem melhores dias estavam no horizonte. Pior agora com a pandemia atingindo em cheio o Brasil. A economia anda pra trás, o trabalhador perdeu direitos, os empregos são precários, mal remunerados e ele não consegue mais se aposentar. E para “tirar um dez”, começa a surgir as provas de que a eleição de Bolsonaro só foi possível porque houve uma série de “fraudes no processo eleitoral”, em 2018, levando o eleitor a comprar gato por lebre. Não é por acaso que pesquisa do Instituto Ipesp para a XP-Investimentos, divulgada quarta-feira (20) indica que a aprovação de Jai Bolsonara segue caindo. Os que consideram seu governo ruim ou péssimo subiu de 42% para 50%. Os que consideram ótimo ou bom caiu de 31% para 25%.

Bomba 1 : denúncia de Moro 

A primeira “bomba” a estourar no colo do presidente Bolsonaro foi a denúncia do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro,dia 12, cujas provas estariam registradas num vídeo de uma reunião ministerial, realizada no dia 22 de abril. Nessa reunião, Bolsonaro deixou claro que queria interferir na Polícia Federal do Rio de Janeiro, com a troca do superintendente da PF, justamente para proteger sua família e amigos. A PF do Rio investigava o envolvimento de um dos filhos do Presidente com a morte da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL). Bolsonaro disse na reunião e registrada no vídeo que não mediria esforços pra isso, nem que fosse para demitir o Ministro. Moro pediu as contas e saiu atirando.

Não só esse ponto é devastador, mas também o comportamento de outros ministros que chegaram, inclusive, a pedir a morte ou a cadeia de governadores.

Bomba 2: PF avisou Flávio 

A segunda bomba detonada foi a do empresário e amigo da família Bolsonaro, Paulo Marinho. Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo no dia 17, contou que as instituições brasileiras foram usadas para fraudar o processo eleitoral de 2018, favorecendo Jair Bolsonaro. O empresário contou que um delegado da PF avisou o Senador Flávio Bolsonaro sobre as investigações da PF sobre o esquema da “rachadinha”, organizado por Fabrício Queiróz (amigo e tesoureiro da família Bolsonaro). O tal delegado teria instruído Flávio a exonerar o amigo Queiroz e a sua filha do seu gabinete no Senado. As investigações “deram um tempo” para não prejudicar a candidatura de Jair Bolsonaro e, até hoje, ninguém conseguiu encontrar o Queiróz. Paulo Marinho jura ter provas do que disse.