Algumas capitais do país - como São Paulo e Rio de Janeiro - anunciaram esta semana que estudam a possibilidade de flexibilização do uso da máscara. Uma cidade fluminense já determinou o fim do uso. Mas, será que já estamos seguros para desobrigar o uso desse item que possui baixo custo e é comprovadamente eficaz na prevenção da Covid-19? 

Com, aproximadamente, 45% da população brasileira imunizada com duas doses da vacina, especialistas alertam que essa é uma atitude precipitada e que deve ser a última medida a ser abolida. A possibilidade de liberação do uso de máscara só será segura quando tivermos mais controle sobre a pandemia e mais de 70% da população totalmente vacinada, com todas as doses.

A vacinação está caminhando para isso, apesar de estarmos extremamente atrasados na imunização, graças a omissão do governo Bolsonaro que não comprou vacinas em tempo hábil. É importante lembrar que o Brasil possui um Programa Nacional de Imunização de excelência internacional e que tem total capacidade de vacinação em tempo adequado. Prova disso são nossas campanhas de imunização contra a gripe H1N1, onde já vacinamos mais de 80 milhões de brasileiros em apenas três meses.

Após quase dois anos de pandemia, o sentimento de busca pela liberdade é extremamente constante em nossa rotina e o desejo de olhar para outras pessoas sem este acessório também, mas precisamos ser racionais e encarar a realidade que ainda atravessa o país. Temos quase 600 mil vidas perdidas em decorrência dessa doença tão traiçoeira. Vale lembrar que países do mundo, como os Estados Unidos, chegaram a flexibilizar o uso de máscaras, mas tiveram que retroceder na liberação em decorrência da alta transmissão da variante delta.

Sempre defendi a reabertura das atividades nas cidades com critérios rigorosos, claros e seguros para a retomada gradual. Ainda no ano passado, apresentei na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2430/20 que apelidei de "Protege Brasil”. Ele é inspirado em experiências internacionais, que priorizam a proteção à vida como algo fundamental para essa previsibilidade da pandemia, assim como a transparência dos dados e a possibilidade do planejamento das ações.

É muito importante que neste momento ainda permaneçamos em alerta e utilizemos estratégias para não metermos os pés pelas mãos. Ainda não é tempo de liberação do uso de máscaras. Não podemos correr o risco de termos variantes resistentes às vacinas contra Covid-19 em circulação. O Brasil e o mundo precisam caminhar juntos no esforço de salvar vidas.

Autoria
Alexandre Padilha é médico, professor universitário, Ministro das Relações Institucionais da Presidência da República e deputado federal licenciado (PT/SP). Foi Ministro da Coordenação Política no primeiro governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP. É colaborador do CCN Notícias
Artigos publicados