Para discutir as possíveis consequências da CPI da Covid, instalada no Senado, é preciso entender o histórico das CPIs no Brasil. Não é novidade a absurda tendência das investigações feitas por esse importante instrumento do Legislativo, não terem desdobramentos judiciais significativos. Ou seja, parte-se da premissa que as CPIs já nascem com grande probabilidade de terminarem “em pizza”. Esta CPI da Covid, que investiga o presidente Bolsonaro e o seu ex-ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, não é diferente e pode ter o mesmo destino.

Por mais que esta CPI tenha maioria contrária ao governo e o Senador Renan Calheiros (MDB-AL), na relatoria, faça um excelente trabalho de esmiuçar os erros do governo federal durante a condução da crise sanitária e, mesmo que a CPI termine com um relatório indicando os nítidos crimes de negligência, às chances de Bolsonaro encontrar seu justo fim na cadeia ou, pelo menos, seja afastado da presidência, são remotas.

Mas então, por que sempre que tem uma CPI, muita energia é gasta pela mídia e pelo mundo politico? Porque no Brasil as CPIs não são feitas para encontrar a verdade que comprove crime ou não. Elas funcionam como forma de pressão politica e de desgaste de governos, através da opinião publica.

O que está em jogo, não é se Bolsonaro será afastado ou não (sabemos que ele não vai) e nem se ele é culpado ou não (já que sabemos que ele é). O que está em jogo é convencer a maioria da sociedade que os erros do governo durante a crise sanitária foi um conjunto de medidas tomadas com o objetivo deliberado de prejudicar o combate à pandemia, levando à milhares de mortos, ou seja, um genocídio.

Não existe campo de batalha melhor para enfraquecer o governo, do que a CPI. Além disso, é responsabilidade de todos, que enxergam a ameaça do governo, dar menos atenção ao que sai da boca do presidente e de sua prole, e focar na demonstração das provas de incompetência e crimes do governo, durante a pandemia.

Evidente, que a grande maioria dos brasileiros, assim como o Senador Renan Calheiros, estejam loucos para ver os bolsonaristas responsabilizados e presos pelos crimes relacionados à pandemia e suas 420 mil vítimas. Mas, caso isso não aconteça, ainda é preciso focar em levar à opinião pública a ver em Bolsonaro um criminoso e um genocida.