E agora? A Polícia Federal, após muita investigação, concluiu que as acusações feitas por Antonio Palocci sobre uma suposta bolada milionária de propinas para Lula, envolvendo o Banco BTG, não têm provas.

As declarações de Palocci foram confrontadas com outros depoimentos de testemunhas e delatores e, ao final, todas desmentidas pela investigação. No entanto, à época, tudo o que Palocci disse foram divulgadas à imprensa pelo então juiz Sérgio Moro, às vésperas das eleições presidenciais de 2018, para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro.

O delegado da PF, Marcelo Daher, disse que todas as informações dadas por Palocci “parecem terem sido encontradas em pesquisas na internet”, sem "acréscimo de elementos de corroboração pelas provas produzidas, a não ser notícias de jornais". A conclusão foi encaminhada ao Ministério Público Federal.

Os envolvidos no processo

Essa notícia, contem todos os elementos que explicam o atarantado cenário nacional, que envolve a Justiça e, por tabela, Moro e a Lava-Jato; a mídia (leia-se Rede Globo) e a ampla maioria do Congresso Nacional que levaram adiante o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro.

Em outras palavras, Palocci mentiu, injuriou e caluniou Lula e cometeu o crime de imputação falsa de crime para ser liberado por Moro da cadeia.

Defesa

O advogado de defesa de Lula, dr. Cristiano Zanin, disse que a conclusão da Polícia Federal sobre a inexistência de provas quanto às declarações de Antônio Palocci, comprova que a delação de Palocci era um instrumento da Lava Jato para a prática de perseguição contra Lula, assim como as delações em geral, que sempre foram direcionadas a alvos pré-definidos.

Se o vazamento ilegal da delação de Palocci por Sérgio Moro à imprensa interferiu nas eleições de 2018, não resta alternativa senão investigar a participação efetiva de Sérgio Moro.

Moro

Na área jurídica, o consenso em torno dessa questão parece se confirmar. Levantamento feito entre 283 docentes do Direito, que lecionam em entidades púbicas e privadas em todas as regiões do país e estão entre os mais renomados juristas brasileiros, aponta que 97,5% deles consideram que “na relação do juiz Sérgio Moro e a Força-Tarefa da Lava Jato houve, de modo geral, violação ao dever de equidistância das partes no processo penal, relacionado aos processos do ex-presidente Lula”. Apenas 1,7% discordam. E, destes, 97,88% consideram que o ex-juiz Sérgio Moro não agiu com imparcialidade.

Segundo o que já se sabe, Palocci tentou delatar bancos e a Globo à Lava Jato dois anos antes de aceitar R$ 30 milhões para incriminar Lula. Mas, ninguém da Lava Jato quis ouvi-lo à época. Não interessava. Quanto à “delação” de Lula, a Lava Jato também sabia que era difícil comprovar. A procuradora Laura Tessler chegou a comentar sobre isso, conforme demonstrou as investigações do The Intercept: “Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele”, afirmou.

Justiça

Até o ministro Edson Fachin, do STF, defendeu que o ex-presidente Lula tivesse tido o direito de ser candidato em 2018. Lula foi considerado preso político por 580 dias e impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de disputar as eleições presidenciais.

Hoje, Fachin considera que há uma “escalada autoritária” no Brasil que oferece riscos à realização das eleições presidenciais de 2022. “O futuro está sendo contaminado de despotismo e lamentavelmente nos aproximamos de um abismo”, completou o ministro.

Globo

Quando o doleiro Dario Messer revelou que abastecia a família Marinho com US$ 300 mil mensais, o JN foi o primeiro a dizer que não havia provas. Mas, quando o ex-juiz Sérgio Moro vazou informações da Lava Jato sobre propinas a petistas – igualmente sem provas – não poupou horas de noticiário para acusá-los.