A data 22 de março foi dedicada como Dia Mundial da Água, esse bem que a natureza nos oferece de graça, mas que os homens transformaram em produto.

Por isso, em vez de comemorar, temos muito o que lutar e exigir, em saneamento básico, em acesso à água potável para a população de baixa renda. Ou mesmo, acesso à água, simplesmente.

Os problemas são antigos, seja porque choveu pouco, seja porque não foram implementadas as medidas necessárias para que esse acesso fosse mais universal e barato.

A solução encontrada sempre atinge o bolso da população, com os aumentos das tarifas.

Se ouvissem a população e as pessoas que pesquisam a respeito, saberiam que existem outras alternativas para se ter acesso à água. É só olhar com vontade de ver.

Há tempos sabemos que a cidade de São Paulo esconde muitas nascentes, lagos e rios. Dados atuais afirmam que metade dos lagos e rios da cidade estão debaixo do asfalto.

Neste fim de semana, em visitas que realizei a diversas comunidades, um tema das conversas era a crise hídrica, a falta de água para plantar, cozinhar, fazer a higiene. Para as tarefas básicas do dia a dia.

Num destes encontros, conheci o Sr. Jô Miyagui. Ele me fez um relato emocionante e inspirador sobre a descoberta dos laguinhos numa praça no Jabaquara, entre a Rua Soares de Avellar e a Avenida Afonso d’Escragnolle Taunay.

Em março de 2019, andando pela praça, o Sr. Jô encontrou um diminuto laguinho formado por um pequeno olho d'água. O munícipe que o fez (desconhecido), colocou uma tubulação para que a água pudesse escorrer.

Sr. Jô convidou, então, seu amigo Adriano Sampaio para conhecer o local e pensar em como fazer a população perceber que ali há água brotando. Como dar uma destinação interessante a esse tesouro.

Sr. Jô e Adriano concluíram que seria ideal para um local de preservação, conscientização ambiental, aulas "in loco" e resolveram construir diversos lagos de diferentes tamanhos e povoar com plantas e peixes.

Convocaram a população para mutirões, que tiveram a participação de dezenas de pessoas de diferentes partes da Grande São Paulo

Hoje, o laguinho da praça já tem garças, biguás e outros pássaros, além de peixinhos que atuam para reduzir a dengue.

Os rios debaixo da cidade existem em todas as regiões da cidade. Seus benefícios poderiam atender a população de norte a sul, de leste a oeste, incluindo o centro.

A população que enxerga na praça um potencial para lazer, contemplação e educação ambiental, está fazendo a sua parte. E pedem que o poder público faça a sua parte na manutenção dos laguinhos e na construção de outros, já que ainda há água minando.

É uma nobre missão de todos e todas seres humanos enfrentar a questão da água com qualidade, pois é o cuidado com as vidas, com a saúde e com o futuro da humanidade.