Em plena pandemia, o governador João Doria e seu secretário da Educação, Rossieli Soares, pressionam os estudantes do ensino médio da rede estadual a escolherem “itinerários formativos” e formularem supostos “projetos de vida” que, de fato, significa optarem pelo rebaixamento ainda maior de sua já deficiente formação no ensino médio.

Nesse momento, o maior projeto de vida de professores, estudantes, funcionários e suas famílias é se manterem vivos, frente a um vírus que já matou mais de 520 mil brasileiros, 128 mil no estado de São Paulo.

A aplicação da reforma do ensino médio no Estado de São Paulo é um verdadeiro crime contra a juventude.  No método (imposta por medida provisória) e no seu conteúdo, destruidor de sonhos e futuro.

Manter apenas português e matemática como disciplinas obrigatórias em todos os anos, reduzindo as cargas horárias ou eliminando as demais, substituídas por disciplinas supostamente profissionalizantes significa relegar toda uma geração de estudantes das escolas públicas a empregos de baixa qualificação e remuneração.

Significa, na verdade, ampliar e aprofundar a dualidade histórica entre uma escola para pobres, filhos e filhas da classe trabalhadora, que recebem uma formação qualquer, enquanto os filhos das classes abastadas terão uma formação cada vez mais aprimorada, pois as boas escolas privadas não sofrerão o impacto dessa reforma.

Ao contrário de tudo isso, precisamos construir um projeto educacional para a juventude.

Existe escola pública de nível médio com qualidade no Brasil e no Estado de São Paulo. O exemplo são as escolas federais, cujo projeto político pedagógico resulta de uma formulação coletiva no interior dessas instituições de ensino e tem como princípios básicos, entre outros:

  1. Educação básica, principalmente em cursos de ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio.
  2. Ensino técnico em geral.
  3. Articulação entre Educação, Trabalho, Ciência e Tecnologia, Cultura.
  4. Formação humana integral.
  5. Educação para a cidadania.
  6. O Trabalho como princípio educativo.
  7. O educando enquanto produtor de conhecimentos.

É um ensino dessa qualidade que desejamos para todos os jovens do Estado de São Paulo.

Em agosto, os conselhos de escola serão chamados a referendar as imposições da SEDUC.  A comunidade escolar deve convocar os conselheiros (pais, estudantes, professores, funcionários) para rejeitarem a farsa. É a única forma de forçarmos um debate minimamente democrático para o futuro, no qual possamos vislumbrar o ensino médio que queremos e merecemos ter.

*Deputada Estadual Professora Bebel é Presidenta da APEOESP