O chamado “teto de gastos” continua sob ameaça do governo Bolsonaro. Fica evidente, cada vez mais, que as promessas de Bolsonaro para o mercado não são uma moeda forte.

O governo é chamado de ‘fascista’ a toda hora, devido suas características autoritárias, de apologia à violência, a busca constante por inimigos internos e externos, sua postura antiesquerda e seu desprezo pelo sistema de peso e contrapeso, próprio da democracia. No entanto, apesar de todas as semelhanças, ainda faltam algumas características para se afirmar com propriedade histórica que o governo de Jair Bolsonaro é fascista, exatamente como eram os governos de Benito Mussolini, na Itália, ou de Francisco Franco, na Espanha. Faltam a Bolsonaro, um partido político que represente suas ideias como tinha o fascismo originário da Itália (tentou resolver essa questão ao criar a “Aliança pelo Brasil”, mas, até agora, não logrou êxito) e falta também se livrar do seu falso discurso liberal. Neste quesito, Bolsonaro está obtendo sucesso.

Está mais do que evidente que o governo pretende continuar usando a estrutura do Estado para salvar sua pele e evitar mais perdas na economia. Descobriu ao seu jeito e pressionado pela ala militar – que nunca foi liberal - uma forma de transferir renda e de adotar medidas de modo que o Estado assumisse seu papel de desenvolvedor econômico.

Como Bolsonaro acredita agora que, dessa forma, vai conseguir garantir sua reeleição, o ministro Paulo Guedes ficou sozinho como o único elo entre Bolsonaro e o mercado.

O governo Bolsonaro que constituiu-se com discurso liberal, já fala abertamente em aumentar impostos, flerta descaradamente com o descontrole das contas públicas e, embora fale sobre privatizações, muitos analistas de membros do próprio governo acreditam que falta vontade política por parte dos novos aliados políticos do “Centrão”.

O namoro entre Bolsonaro e os liberais ainda está de pé. Mas, quem conhece o presidente sabe que promessas de casamento são passageiras.