Seguindo os passos da China, as grandes economias do mundo como EUA, França, Alemanha e Inglaterra estão injetando, ao todo, trilhões em suas economias. Apesar disso, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) calcula uma recessão de, no mínimo, 6% - algo que já tornaria o ano de 2020 o mais catastrófico, desde 1929, para o comércio mundial. Este prejuízo pode ser ainda maior caso a pandemia não seja controlada, podendo chegar a uma recessão de até 7,6%.

Estas avaliações também podem variar com relação à recuperação econômica. No caso de um bom andamento do controle da pandemia, é esperado uma forte recuperação de 5,2%. No caso de descontrole e uma volta do agravamento da pandemia nas grandes economias, essa recuperação não passará de 2,8%.

O Brasil também não foge da variação das projeções para a recessão desse ano.  De acordo com a OCDE, se a reabertura da atividade econômica ocorrer de modo bem sucedido este ano, a recessão deva ficar em 7,4%, porém, se para conter a pandemia o isolamento e fechamento do comércio tiver que voltar, a recessão pode chegar a 9,1%.

No momento, vivemos uma fase de otimismo com o processo de reativação econômica na União Européia, Estados Unidos e Brasil. Há duas semanas a Bovespa dá sinais de recuperação e o Real vem se valorizando ao cair de quase seis para menos de cinco reais. É o menor valor com relação ao Dólar dos últimos meses.

Este otimismo é derivado da reabertura, mas também dos dados positivos do emprego na maior economia do mundo. Em abril, houve o maior índice de desemprego dos últimos 60 anos nos EUA, indo para 14,7%. No entanto, esta situação catastrófica deu espaço ao otimismo devido os dados do mês de Maio que traziam a criação de 2,5 milhões de vagas criadas, levando a porcentagem para 13,3% de desempregados.

Ainda é cedo para saber se essa melhora nos números do desemprego irá se manter nos próximos meses ou se é um subproduto de uma redução brusca dos números de abril.

Outra questão que deve ser observada é que não foram todos os setores que demonstraram esse crescimento.

Para esse otimismo permanecer, tudo depende do controle da pandemia. O risco de uma segunda onda de infecções é grande na União Europeia e nos Estados Unidos, principalmente quando se leva em conta países que, como os EUA, fizeram a reabertura do comércio com o número de mortes e infectados ainda elevados. Eles estavam com um número de mil mortes por dia no início da reabertura. A Inglaterra tinha em torno de 300 mortes por dia. Vale lembrar que a reabertura da economia chinesa ocorreu com zero mortes no dia anterior e este pode ser considerado um procedimento bem sucedido.

No Brasil, onde o otimismo também está ocorrendo, há mais motivos para colocar o pé no chão devido ao fato de sermos o único país a reabrir o comércio sem ter chegado ao pico da doença ou muito menos controlá-la com a diminuição de casos e óbitos. Se a economia do mundo pode ser afetada por uma segunda quarentena caso haja uma nova onda de infectados nas grandes economias, o Brasil caminha para a quase certeza de uma nova política pública de isolamento social, levando em conta estudos divulgados pela Casa Branca que indicam que ocorrerão cinco mil vítimas fatais por Covid-19 por dia em agosto.

Levando em consideração que é muito possível uma nova quarentena ainda este ano e que o Governo Federal não disponibiliza recursos para a retomada de empregos e crescimento, é fácil prever que este otimismo será colocado à prova.

 

Luiz Felipe Krehan

Professor