Bolsonaristas repetiram, como um mantra, na semana que passou, dados da economia com o objetivo de elogiar o governo e desviar a atenção quanto ao desgaste da imagem do presidente Bolsonaro. Até o momento, esta estratégia de apontar melhoras do ponto de visto econômico não vem dando certo. No entanto, é por aí que os correligionários de Bolsonaro depositam esperanças para a sua reeleição no ano que vem.

É sabido que as grandes mudanças políticas e sociais necessitam de argumentação teórica. Quer dizer, para se fazer a revolução ou outras transformações na sociedade, a ideologia é inerente ao processo. Mas, isso não significa que a ideologia seja o único elemento ou, nem mesmo, o mais importante.

Da Revolução Francesa à Russa, as ideologias envolvidas nos processos precisaram ser “trabalhadas” junto à população. Foram necessárias décadas para que os pensamentos, liberal ou comunista, fossem difundidos juntos às sociedades pré-revolucionárias.

O que impulsiona uma revolução não são só as ideias. É possível afirmar que mudanças radicais também são causadas mais pelo estômago do que pela cabeça. Não fossem as crises que passavam França e Rússia, antes de suas revoluções, com certeza, elas não teriam ocorrido.

Então, por que é preciso saber disso tudo para entender o papel da economia na reeleição de Bolsonaro? Porque se os bolsonaristas fizerem a população acreditar que Bolsonaro está recuperando a economia, e isso vai melhorar sua condição de vida, a reeleição, segundo eles, estará garantida.

É um equívoco acreditar que o principal fator de desgaste de Bolsonaro nos últimos meses seja a CPI da Covid ou a falta de vacina. Essas questões são importantes, mas não é a acusação de genocida que está repercutindo na população e, sim, o desemprego e a inflação.

Hoje, fala-se mais mal de Bolsonaro dentro de um mercado, do que em um hospital. Reverter essa percepção negativa da população é a prioridade dos bolsonaristas.

Muito se alardeou sobre o crescimento de 1,2% da economia no primeiro trimestre deste ano e um possível crescimento acima de 4%, ao final de 2021. Não são números ruins para o governo, mas com a queda de 4,1%, em 2020, significa que serão dois anos perdidos para a economia. Um pelo outro, crescimento real zero! Mesmo com todo o discurso “vitorioso” do governo – que certamente virá – esses números não apontam para a recuperação do emprego e, muito menos, para a queda da inflação.

Em 2022, ano eleitoral, há previsões que a pandemia esteja controlada. Mas, o desastre econômico decorrente dela, somada à incompetência do governo em gerar empregos e controlar a inflação, provavelmente, não tornará a “economia” fator determinante e influenciador da política.

A pandemia do Coronavírus será tema nas próximas eleições. Mas, o vencedor das eleições será aquele candidato que conseguir convencer a população que pode gerar empregos. Até o momento, esse candidato não é Bolsonaro.