Ainda bem que o Presidente Lula acordou a tempo! Não adianta fazer um excelente governo voltado aos mais necessitados se não conseguir dizer isso de uma maneira clara e direta para eles. Pois é isso que vem acontecendo, desde o início do seu terceiro mandato.
É consenso que a comunicação do governo não é boa e não chama a atenção de ninguém. Ao contrário, às vezes, até prejudica. Vou analisar dois casos para você, leitor, ter uma ideia da gravidade.
Propaganda da EJA
Campanha publicitária que anuncia a abertura das inscrições para a EJA (Educação de Jovens e Adultos). A peça publicitária começa ressaltando um jovem negro em uma fila de desempregados em busca de uma vaga de trabalho. Quando chega a sua vez, ele desiste deixando a ficha sem ser preenchida com a atendente. Ao chegar em casa, é recebido por sua companheira, também negra. Ele está triste, de cabeça baixa e decepcionado.
Dois erros infantis. Primeiro, chama a atenção para o desemprego. Justamente a área em que o governo Lula mais se destaca pela redução dos índices. No entanto, a propaganda faz parecer que não aconteceu nada. Mas, ao contrário, o governo Lula criou 1,7 milhão de empregos formais (com Carteira Assinada) no segundo semestre de 2024. O menor índice, desde 2012, ou seja a propaganda é baixo astral. Um “tiro no pé”. Segundo, reforça a figura do negro analfabeto desempregado. Pra quê?
Vaga na universidade
A propaganda mostra um homem negro chegando em casa cansado do trabalho. Sua companheira, também negra, diz a ele “vá ver o que sua filha fez hoje”. Tudo num grande clima pesado e de baixo astral. Com cara sisuda e ameaçadora o pais levanta-se repentinamente da mesa ao que é interrompido pela esposa que diz: “calma, homem, sua filha conseguiu entrar na Universidade”.
Incrível como alguém pode pensar numa porcaria dessas! A propaganda não chama a atenção, não é vibrante, não tem música, nada. Pelo contrário, expõe novamente uma família negra ferrada e a mulher como “dona de casa” (as novelas da Globo não cometem mais esses erros, pelo menos até aqui), reforçando o racismo estrutural. A propaganda não fala que o governo criou milhares de vagas na Universidade com programas de incentivos. Só neste ano, o governo distribuiu pelo PROUNI, 243.859 bolsas de estudos. Por que não exaltar a conquista? Por que não colocar a família negra em uma posição de conquista?
O que mais chama a atenção nessas duas propagandas é que retratam mau três áreas que mais o governo trabalha e tem o que apresentar: educação, emprego e relações étnico raciais. Mas, não. As propagandas reforçam o desemprego, o racismo estrutural, a mulher negra submissa e o analfabetismo.
O que nos enche de esperança, no entanto, é o próprio presidente Lula ter feito autocrítica e reconhecido que “ha um erro, um equívoco meu na comunicação”. Parabéns, Lula!