Como médico, profissional e gestor da saúde a imagem recente que mais me emocionou foi da vacinação da enfermeira Monica Calazans, a primeira brasileira a receber a vacina contra Covid-19 desenvolvida e fruto da parceria do Instituto Butantan com a empresa Sinovac, estatal chinesa. É importante destacar que o compromisso com a esperança e esforço pela ciência foram assumidos pelo nosso instituto público e o governo chinês para que a vacina seja um bem público para humanidade.

 A aprovação da Anvisa para uso emergencial das vacinas do Butantan e da Fiocruz no Brasil trouxeram esperança, mas, ainda precisamos pressionar para aprovação de outras vacinas já comprovadas seguras e eficazes, como a Sputnik V e da Pfizer. Elas já estão sendo aplicadas em diversos países do mundo e precisamos lutar para que também possam ser aprovadas para uso emergencial aqui. Só com várias vacinas teremos um plano de vacinação em tempo adequado e poderemos salvar vidas e economia.

É possível vacinarmos a população de risco antes de começar o outono/inverno de 2021, onde o número de casos e óbitos pode ser ainda maior. O SUS, através do Plano Nacional de Imunização, tem capacidade de garantir um plano amplo de vacinação contra Covid-19. Todos os anos vacinamos mais de 80 milhões de pessoas para gripe na campanha de vacinação. Na pandemia de H1N1 o Brasil foi o país que mais vacinou em um sistema público no mundo, foram mais de 100 milhões de pessoas vacinadas em 2010.

Precisamos vacinar em primeiro lugar os grupos prioritários que são os profissionais de saúde, idosos, população indígena, comunidades quilombolas, população em situação de privação de liberdade, pessoas com deficiência e doenças crônicas pulmonares e cardíacas, profissionais de educação, segurança e manutenção dos serviços essenciais das cidades.

Depois de garantir que este grupo prioritário – que gira em torno de 80 milhões de brasileiros e precisaremos de 160 doses da vacina já que são duas aplicações – esteja vacinado, também é possível abrir a vacinação para o conjunto da população.

É preciso assegurar que mais vacinas sejam aprovadas o quanto antes e que o governo federal garanta incentivos e recursos para a produção de vacinas e aquisição de insumos para aplicação. Neste sentido, apresentei no Congresso Nacional, ainda no início da pandemia, o Projeto de Lei 1462/2020 que propõe a quebra de patentes em casos de emergências de saúde pública, não permitindo o monopólio das empresas no desenvolvimento de insumos e produtos necessários para enfrentar a pandemia, que é o que está atrasando a produção de vacinas no Brasil. Vamos continuar pressionando para que este projeto entre na pauta da Câmara para votação o quanto antes.

É hora de tirar a disputa partidária e o negacionismo da sala e enchê-la de vacina para o nosso povo.

*Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.


 

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