Equipe Gestora, professores e alunos da EMEF Jardim Damasceno I – Professor João Felicio (à Avenida Deputado Cantídio Sampaio, 4.798 – Jardim Damasceno), dirigentes sindicais de entidades ligadas à Educação, da Central Única dos Trabalhadores, amigos e familiares participaram, neste sábado, 30 de novembro, de uma cerimônia em tributo ao Professor João Antônio Felício, em respeito e admiração ao seu legado.

O diretor da EMEF, professor Rosilei Duarte, mestre de cerimônia, abriu o evento contando as dificuldades que a comunidade escolar teve para receber como acréscimo o nome do professor João Felício. “Havia vereador que fazia oposição, não queria de jeito nenhum”. Então, a comunidade se mobilizou e levou ao vereador Eliseu Gabriel a reivindicação. Imediatamente, o vereador assumiu a “briga” e conseguiu aprovar o Projeto, dois anos depois, em todas as comissões da Câmara. E no dia 1 de março de 2023, por ampla maioria dos votos, o nome de João Felicio foi aprovado no Plenário da Casa e, desde então, a escola passou a ter o seu nome. O projeto de lei foi sancionada pelo Prefeito Ricardo Nunes e publicada em Diário Oficial, no dia 29 de março de 2023.

Desde então, nenhuma autoridade da Prefeitura veio até à escola para instalar a Placa comemorativa. Mas, nós fomos atrás e, por obra da Federação Estadual dos Trabalhadores em Educação do Estado de São Paulo (FETE-SP) hoje, estamos instalando essa placa. Se alguma autoridade da Prefeitura se dignar em vir até aqui para acrescentar seu nome, será bem-vinda”, disse o professor Duarte.

Professores, sindicalistas e amigos

Em suas falas, dirigentes sindicais e amigos expressaram o quanto João Felício foi importante na luta pela democracia, por um estado e um país mais justo e por uma sociedade mais solidária. “João Felício tem muita história de luta por uma educação pública e de qualidade”, disse o dirigente da CUT, Douglas Izzo.

Já o dirigente da Apeoesp e coordenador da Secretaria Sindical Estadual do PT, Roberto Guido, que representou os presidentes da Apeoesp, Fábio Santos Moraes, e a Deputada Estadual, Maria Izabel Azevedo Noronha, lembrou da luta incansável de João Felício pelo aumento dos índices de sindicalização no Brasil. “Não é possível pensar num movimento sindical atuante sem pensar em João Felício”, disse.

A diretora da Subsede Norte da Apeoesp, Elaine Barbi, contou sobre a capacidade que João Felicio tinha para explicar a dinâmica e as lutas dos movimentos sociais. “Ele sempre dizia, a luta não para nunca”.

Walmir Siqueira, dirigente da Apeoesp e da CUT, lembrou que João Felício estava em todos os espaços possíveis de atuação do movimento sindical. “Ele nos dava aulas a todo o instante, mesmo fora da sala de aula”.

O diretor da Aprofem (Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo), Marcos Manoel dos Santos, disse que “estão tentando sucatear e terceirizar as escolas, mas a luta e o legado de João Felício nos dá forças para continuar”.

Ricardo Pinto, assessor da vereadora recém eleita Luna Zarattini, disse que todo mundo parava para ouvir João Felício e lembrou quando ele propôs e todo o país adotou a expressão dele; “a Educação tem que estar no centro das atenções”.

Já a professora e vice-diretora da EMEF, Diva Corrêa, emocionou a todos ao lembrar de um episódio que vivenciou com João Felício já em seus últimos dias de vida. Conta a vice-diretora que estava combinando com João a realização de uma festa, mas, como a ocasião se aproximava do Carnaval o próprio João aconselhou que deixasse a festa passar. “Mas, não deu tempo, gente. O João nos deixou antes. Por isso, Vamos fazer acontecer hoje! Não vamos esperar o carnaval passar”, relatou Diva, emocionada.

A presidenta da FETE-SP, Nilcea Fleury, lembrou que João Felício “tinha a grandeza de se preocupar com os companheiros, de orientá-los nas discussões políticas. Era incansável e visitava escolas sozinho, ele e a pastinha dele”, disse.

O autor do Projeto de Lei

O vereador Eliseu Gabriel, autor do Projeto de Lei 17.921, que tramitava na Câmara desde 2021, também recuperou a história da aprovação do nome de João Felicio para a EMEF. “Parece fácil, mas não é. A correlação de forças pende para a barbárie. Os argumentos para defender as privatizações das escolas, por exemplo, são frágeis”, disse. O vereador era amigo de João Felicio, desde às lutas pela retomada da Apeoesp, desde o final dos anos 70. “É preciso repassar para as gerações futuras tudo o que o João fez, nos falou e escreveu e mostrar a sua importância da sua luta não só para o Brasil, mas pra toda a humanidade”.

Familiares

Roberto Felício, irmão de João Felicio, agradeceu à toda a comunidade do Jardim Damasceno, estudantes e professores por aquela homenagem. “Se vocês não desejassem ver o nome da Escola acrescido com o nome do João, eu tenho certeza que não rolaria. Agradeceu também ao vereador Eliseu Gabriel por ter assumido essa reivindicação da comunidade. Agradeceu também aos dirigentes sindicais e amigos presentes. “É um gesto bastante significativo que irá eternizar o nome do João Felício. Eu acredito que esteja onde ele estiver, certamente, está abrindo um longo sorriso’.

Por fim, encerrando o evento, Léa Felício, esposa de João, deu os parabéns à Escola e à comunidade pela iniciativa. Léa revelou que tem expostos até hoje os trabalhos de artes dos ex-alunos de João Felício e estuda uma maneira de disponibilizar esses trabalhos. Relatou também sobre ataques do governo do Estado contra a escola e a educação pública.

Quem foi João Felício

João Antonio Felício nasceu em Itapuí (SP) no dia 6 de novembro de 1950, e foi casado com Léa Francesconi, com quem teve dois filhos. Em 1972 se formou em Desenho e Plástica, Educação Artística e História da Arte, pela Fundação Educacional de Bauru, quando começa a lecionar na rede ensino do estado de São Paulo até se aposentar.

João Felício iniciou sua militância política e sindical nos anos 1970, participando da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e vencendo a eleição para diretoria da Apeoesp. Em 1980 foi eleito para o Conselho de Representantes da APEOESP, sindicato da categoria, pela Região Norte da cidade, e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1981 foi eleito e reeleito, em 1983, para diretor do Departamento de Cultura do Sindicato. Ainda em 83, participou do processo que resultou na fundação da CUT. Em 1991 foi reeleito para o terceiro mandato como presidente da Apeoesp, quando ocorreu a mais longa greve da história dos professores do Estado (82 dias), resultando numa conquista de 126% de reajuste. Em 1993, deixa a presidência da APEOESP e volta a dar aulas na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Dr. Octávio Mendes (mais conhecido como CEDOM), em Santana, Zona Norte.

Em 1994, o Professor João Felício, foi eleito para a Direção Executiva da Central Única dos Trabalhadores. Em 1997, foi eleito para a Secretaria Geral da CUT e membro do Diretório Nacional do PT. Em 2000 chega à presidência nacional da CUT. Em 2003 foi indicado membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e representante da CUT no Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em 2006, foi reconduzido à Direção da CUT como Secretário de Relações Internacionais. Em 2014, Felício é eleito por unanimidade, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), durante o 3º Congresso da entidade, em Berlim, Alemanha. A CSI representa 180 milhões de trabalhadores em todo o mundo. Felício foi o primeiro brasileiro e latino-americano a presidir a CSI.

João Antônio Felício faleceu na madrugada do dia 19 de março de 2020 em decorrência de um câncer aos 69 anos.